Ministério Público Federal aponta falhas no processo de heteroidentificação do CNU e recomenda revisão de procedimentos
- Rafael Pujol
- 10 de fev.
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de fev.
O Concurso Nacional Unificado (CNU) apresentou diversas falhas ao longo de sua condução, resultando em mudanças no cronograma inicial e gerando questionamentos por parte dos candidatos. Uma das principais inconsistências ocorreu na primeira etapa, devido a erros no preenchimento da identificação no cartão-resposta, o que levou a inúmeras denúncias e ao ajuizamento da Ação Civil Pública nº 1012685-18.2024.4.01.4300 no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) pelo Ministério Público Federal (MPF).
Após um acordo judicial entre o Ministério da Gestão e Inovação (MGI), Fundação Cesgranrio, MPF e Advocacia-Geral da União (AGU), mais de 32.260 candidatos foram reincluídos no concurso.
Problemas na etapa de heteroidentificação
Na fase de heteroidentificação dos candidatos às vagas reservadas para pretos e pardos, duas falhas graves foram identificadas:
1. Falta de transparência na eliminação de candidatos
Muitos candidatos foram eliminados sem acesso aos pareceres motivados que fundamentaram sua exclusão. A Fundação Cesgranrio, organizadora do concurso, alegou que esses documentos eram de acesso restrito, interpretando de maneira equivocada a Lei de Acesso à Informação (LAI).
A negativa de acesso aos pareceres impediu que os candidatos pudessem exercer o direito ao contraditório e à ampla defesa, ferindo o devido processo legal.
2. Ausência de notificação pessoal aos candidatos reclassificados
Outro problema grave foi a falta de comunicação adequada aos candidatos que foram reclassificados após a ação judicial. A notificação ocorreu apenas dentro da área do candidato no site do concurso, sem aviso individual via e-mail, telefone ou correspondência.
Muitos candidatos não souberam que haviam sido reintegrados e, por isso, perderam prazos importantes, como a etapa de heteroidentificação e a apresentação de títulos.
Recomendação do MPF: suspensão do resultado final e revisão das falhas
Diante das denúncias, o Ministério Público Federal emitiu a Recomendação Conjunta nº 1/2025, solicitando:
Suspensão da divulgação dos resultados finais;
Justificativa clara e fundamentada para todas as decisões de indeferimento de candidatos às vagas para pessoas pretas e pardas;
Concessão de acesso aos pareceres e decisões de indeferimento;
Reabertura do prazo para interposição de recursos;
Revisão dos procedimentos adotados no CNU para evitar novas irregularidades.
No entanto, até o momento, a recomendação não foi acatada pela Cesgranrio e pelo Ministério da Gestão e Inovação (MGI).
Candidatos prejudicados devem buscar apoio jurídico
Se você foi afetado por alguma dessas irregularidades no Concurso Nacional Unificado, é fundamental buscar orientação jurídica especializada. Um advogado especializado em concursos públicos pode auxiliar na proteção dos seus direitos e na adoção de medidas legais cabíveis.

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